domingo, 10 de outubro de 2010

Foi estranho...

O jeito que me olhou. Que te olhei. Nos encaramos.
Fiquei com medo, assustada.
Dentro de mim, havia uma tristeza profunda, um medo enorme.
Ficamos alí, divididos em uma sala.
Ao mesmo tempo que muito perto, muito distantes.
Foram minutos incalculáveis...
O choro pedia para sair, ele clamava por ajuda, ele somente queria se libertar.
Só queria te tocar, te abraçar, acabar com o que me sufocava.
Eu fui covarde, não pude, não conseguia me estender até você.
Não te reconhecia.
Estava com ódio no olhar...
Fiquei com medo, assustada pela segunda vez. Ou pelas muitas vezes naquela noite.
Tentei me amparar com minha própria consciência.
Não consegui.
As lágrimas relutavam em meus olhos, elas quase eram liberadas a todo instante que me perdia longe de você. Alí do seu lado.
A alegria de quem estava presente não deu lugar a minha tristeza como primeiro plano.
Sem um porque, vi você se levantar.
Cheio de sí, se distanciando...
Não sabia onde esconder o que sentira. Não sabia nem mais ser eu mesma. Como pude.
Você se fora, degrau por degrau. Aos poucos, me martilizando mais e mais.
Tentei não encontrar outros olhos, fugi com minhas idéias, tentei correr para longe daquele lugar.
Enquanto todos dançavam e badalavam na energia das fumaças e luzes. Sorridentes.
Me acolhi em um encosto qualquer.
Não bastaram os consolos, os abraços, conselhos e amparos.
Busquei forças para me conter.
Debrucei minha cabeça para trás, enquanto lágrima por lágrima anunciava algo como perda. Doeu demais.
Foquei minha atenção no teto, ele parecia cair sobre mim. Estava me esmagando.
Fiquei atrapalhada, desemparada, desesperada, perplexa.
Minhas forças não me acompanhavam mais, elas temiam a minha fraqueza. Que já era mais forte.
Enquanto tentava entender o porque de você não estar comigo, alí.
Eu só queria isso. E sabia que não o tinha.
Procurando aonde recorrer, tentando ainda manter uma postura, fui atrapalhada. Ele estava a minha espera.
Por um instante, pensei bem...
Já não sabia se queria vê-lo mais naquela noite fria, não sabia se queria ouvir sua voz. Sofri.
Não era justo comigo. Não era justo com você.
Recolhi o pouco de ar que havia em volta de mim, procurando um ponto de paz. Tentando refrescar tudo aquilo que fervia em meu coração. Em minha mente.
Assim, pelas escadas, a cada passo, me aproximando mais de você, senti que a cada movimento, ficava algo para trás. Me senti fraca.
Ao abrir os olhos, e o enchegar à minha frente.
Tudo escureceu.
Só escutei você chamar meu nome. Só escutava meu nome.
Não tinha importância nenhuma dar explicações.
Não era justo.
Mas seu abraço me confortava, embora não conseguisse devolvê-lo. Retribuí-lo.
Como uma criança, chorava...
Mas a dor não escapava, ela se mantia alí, firme e forte. Mais forte do que nós.
Meu medo apenas crescia.
E nada para mim bastava.
O vento frio não conseguia mais congelar, ou se quer atrapalhar o que acontecia alí.
Estava nos seus braços, e mesmo tremendo, não queria sair de lá.
Você me deixou centrada novamente. Parecia estar bem...
Desculpo.
Mas ainda assim, só escutava meu nome.
Foi sobre teu ombro que entrei em desespero, que enfraqueci, absolutamente...
Não achava chão para me enterrar, não achava apoio para me apoiar, não encontrava forças para me controlar.
Chorei, um choro sofrido, uma dor, um medo...
O que foi? O que é agora? Porque está chorando? O que está acontecendo? E meu nome novamente.
" Eu tenho tanto medo de te perder ".
Meu nome...
Derrepente, tudo ficou mais claro, na noite fria.
Você nunca vai me perder, eu te amo, da mesma forma que me ama.
Lágrima por lágrima, parecia voltar no tempo, elas se secavam na brisa, que parecia parte de um cenário. Ela nos favorecia.
Meu súbito medo, ia se esvaziando em meu coração, dando lugar para um novo sentimento.
Tudo estava bem, eu o tinha novamente.
Não era mais uma estranha, embora nunca tivesse sido.
Aos poucos, sorrisos passavam levemente sobre nós, que ainda tentavamos nos recompor.
Me senti equilibrada, me senti forte.
E voltamos para perto dos outros.
Desta vez, de mãos dadas. Unidos.
Nos aproximamos dos figurantes daquela noite.
Estávamos bem.
Enquanto todos dançavam, nós nos olhávamos.
O tempo passou, deixando para trás os momentos de dor e sofrimento. A cada segundo.
Não precisei mais me preocupar, não sentia mais dor alguma.
Estava alí comigo.
A noite já virava dia. Acabou...
Fomos em direções iguais, deletando de nossas vidas aqueles suspiros de dor.
A cada instante, mais distantes por onde tudo passamos. A cada passo, mais longe de tudo aquilo que me fez querer gritar, sumir. O medo, os erros, o ciúmes, entre outras coisas.
E passo por passo, junto de seus passos.
Somos melhores assim.
Nos tendo, nos amando.
Compartilhando, errando, juntos.
E minutos se passavam, enquanto a tristeza ficava para trás, dando lugar a felicidade.
Exausta...
Era hora de lhe dizer adeus, de partir.
Lhe dei um beijo.
Seu lábio era frio, mas me aqueceu, assim como seu abraço, e seu olhar.
Desta vez o reconheci.
Nos olhamos pela ultima vez.
E veio à minha cabeça, que tudo aquilo não poderia ter ocorrido, estava tudo bem.
Mas estava feliz, por ter acabado.
E pela primeira vez, agradecia por um dia estar acabando.
Queria adormecer, e adormecer tudo pelo que passei, tudo que senti.
O medo.
Nos abraçamos.
Boa noite.
Se cuide !
Dentro de mim...
Te amo.

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